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Infertilidade: por que precisamos falar sobre isso com mais empatia e informação

  • Foto do escritor: Dra. Carla Iaconelli
    Dra. Carla Iaconelli
  • 10 de jun
  • 3 min de leitura

Junho é o mês da conscientização sobre a infertilidade — um tema que acompanho de perto no meu dia a dia com mulheres e casais que sonham com a maternidade. Embora muito comum, a infertilidade ainda é envolta por silêncios, julgamentos e, infelizmente, muita desinformação. Por isso, decidi escrever este artigo com informações claras, atualizadas e com um olhar humano sobre o assunto.


Segundo a Organização Mundial da Saúde, cerca de 17,5% da população adulta no mundo enfrenta dificuldades para engravidar. Isso significa que 1 em cada 6 pessoas é infértil. No Brasil, estimamos que 278 mil casais vivem esse desafio. Esses dados mostram que a infertilidade é, sim, um problema de saúde pública, e não uma questão individual ou emocional.


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O que é infertilidade?

Infertilidade é o diagnóstico feito quando um casal tenta engravidar por pelo menos 12 meses, com relações sexuais frequentes e sem contraceptivos, e não obtém sucesso. E quero reforçar algo muito importante: a infertilidade não é culpa de ninguém. É uma condição médica que pode — e deve — ser investigada e tratada com cuidado, ciência e acolhimento.


Muitas pessoas acreditam que a responsabilidade pela fertilidade está sempre nas mulheres, mas isso não é verdade. As causas são divididas entre fatores femininos, masculinos ou uma combinação de ambos. E, em alguns casos, mesmo após investigação completa, não conseguimos identificar uma causa específica — chamamos isso de infertilidade sem causa aparente.


O que pode causar infertilidade?

No caso das mulheres, as principais causas que vejo em consultório envolvem:

  • Idade dos óvulos (a fertilidade feminina começa a cair após os 35 anos)

  • Endometriose

  • Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)

  • Alterações hormonais ou ovulatórias

  • Obstruções nas trompas

  • Miomas, pólipos ou malformações uterinas


Nos homens, as causas mais comuns incluem:

  • Problemas na produção de espermatozoides

  • Varicocele (dilatação das veias nos testículos)

  • Desequilíbrios hormonais

  • Estilo de vida: obesidade, estresse, álcool, cigarro, uso de anabolizantes ou drogas


Além disso, fatores como infecções, doenças autoimunes, tratamentos como quimioterapia ou radioterapia, e condições genéticas também podem impactar a fertilidade de homens e mulheres.


Existe tratamento?

Sim! E esse é um dos pontos mais importantes: há tratamento para infertilidade, e as chances de sucesso são muito maiores quando buscamos ajuda cedo. A medicina reprodutiva avançou muito, e hoje conseguimos oferecer tratamentos personalizados para cada paciente ou casal.


As opções vão desde as mais simples até as mais tecnológicas, como:

  • Relação sexual programada

  • Inseminação intrauterina (IIU) — em que os espermatozoides são preparados em laboratório e inseridos diretamente no útero

  • Fertilização in Vitro (FIV) — o óvulo é fecundado em laboratório e depois transferido para o útero

  • Congelamento de óvulos ou embriões

  • Doação e recepção de óvulos ou embriões

  • Diagnóstico Genético Pré-implantacional (PGT) — indicado para prevenir doenças genéticas


Em ciclos de FIV, por exemplo, podemos alcançar taxas de sucesso superiores a 60%, dependendo da idade da mulher e da qualidade embrionária. A tecnologia está cada vez mais precisa e segura — mas a escuta, o acolhimento e o cuidado individualizado continuam sendo o centro de tudo.


Congelamento de óvulos: liberdade reprodutiva

Um dos temas que mais gosto de falar é o congelamento de óvulos, porque ele representa liberdade, planejamento e autonomia. Muitas mulheres não querem ou não podem engravidar agora — e tudo bem. Com o avanço da técnica, podemos preservar os óvulos em sua melhor fase e permitir que a maternidade aconteça no momento certo, com tranquilidade e segurança.


Ser mãe depois dos 35, 40 anos, é totalmente possível — desde que com orientação especializada. Já atendi muitas mulheres que engravidaram com seus próprios óvulos congelados e outras que realizaram o sonho da maternidade por meio da ovodoação. Cada jornada é única e merece respeito.


Precisamos falar mais sobre infertilidade

A infertilidade não escolhe classe social, orientação sexual ou faixa etária. Ela pode acontecer com qualquer pessoa, em qualquer fase da vida. E por isso precisamos falar sobre isso com mais naturalidade, empatia e informação.


Hoje, infelizmente, ainda são poucas as clínicas públicas que oferecem tratamentos de reprodução assistida com acesso universal. Precisamos de políticas públicas mais abrangentes e maior investimento em saúde reprodutiva para garantir esse direito a quem sonha com a maternidade ou paternidade.

Se você está passando por esse desafio, saiba que você não está sozinha(o).


Meu compromisso como médica é oferecer um atendimento ético, humano e baseado na ciência. E minha missão vai além de ajudar a gerar vidas: é sobre gerar esperança, autoestima, acolhimento e escuta.


Vamos juntas e juntos transformar o silêncio em diálogo e o medo em informação.


Com carinho,


Dra. Carla Iaconelli

Ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana

 


 
 
 

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